sábado, 10 de janeiro de 2009

Amigo, colega ou conveniência?

Por Nélson Alves

Nos últimos dias peguei a pensar sobre o que ao meu ver seria a amizade. Trata-se de uma visão monística daquilo que é ter amizade, ser um amigo. Não precisei ir longe para chegar a obviedade olulante que colegas são muitos, amigos poucos. Aleluia!!! Que novidade: afinal não é todo mundo sabe que amigos são poucos.

Basta você entrar numa má fase para ver o que acontece. Desaparecem os chamados "amigos". Está claro que esses "amigos" na realidade são colegas. Indo adiante, se uma pessoa está triste e surge um problemazinho. Não tenha ilusão, porque muitos desses "amigos" desaparecem. Um e outro podem até aparecer, mas somente para saber o que aconteceu e depois ter assunto para críticas e comentários.

Entretanto, se alguém está alegre, feliz e de bem com a vida, tenha certeza de que a inveja aparece e alguns desses "amigos" revelam-se negativamente. E ai em diante.
Diante disso, o melhor é saber identificar a diferença que há entre o ser colega e o ser amigo.
Vejamos: podemos fazer colegas em qualquer lugar, e o mais interessante é que desses, são raríssimos os que se tornam nossos amigos.

"Um melhor amigo é como um trevo de quatro folhas: difícil de encontrar, e é sortudo quem tem". (autor desconhecido)

Por outro lado, existe a amizade de verdade. É um sentimento raro, lindo e duradouro. Não há nada que destrua uma relação verdadeira de amizade. Assim, como diriam, não há distância e nem outros fatores que possam destruir uma verdadeira amizade, pois há algo forte chamado confiança, fidelidade, uma cumplicidade mútua que a tudo resiste.

Os amigos são importantes e necessários para as nossas vidas. São o alimento de nossas almas e dão sentido a nossa existência. O bom do verdadeiro amigo é que não importa há quanto tempo não os vimos e nem a distância em que se encontram, porque o sentimento de amizade, o amor que existe na relação transcendem, dando a certeza de que somos queridos, amados por esses poucos amigos.

Distinguir a diferença entre coleguismo e amizade é fácil; é só ficarmos atentos as atitudes, porque são elas que revelam toda a verdade de uma relação. Devemos ficar atentos às atitudes das pessoas. Isso é extremamente importante em todas as relações humanas.

"Se morreres antes de mim, pergunte se podes levar um amigo". (Stone “Temple Pilots).

Ainda neste campo, sem muitos devaneios, podemos citar que a amizade é um fenômeno público, precisa do mundo, da visibilidade dos assuntos humanos para florescer. Nosso apego exacerbado à interioridade, a ´tirania da intimidade´ não permite o cultivo de uma distância necessária para a amizade, pois o espaço da amizade é o espaço entre os indivíduos, do mundo compartilhado - espaço da liberdade e do risco -, das ruas, das praças, dos passeios, e não o espaço de nossos bairros e ruas, meras próteses que prolongam a segurança do lar. Daí que um deslocamento da ideologia familialista e a correspondente reabilitação do espaço público permitiriam que uma estilística da amizade fosse um experimento social e cultural plausível. Cabe a nós aceitar o desafio de pensar a amizade para além da amizade mesma, de imaginar metáforas e imagens para nossas relações de amor e amizade, de usufruir o sabor doce dessa nova amizade.

Depois desse interregno filo-sociológico podemos ainda ir mais além. Além de colegas e amigos, têm aqueles que não estão entre essas duas definições: os pseudos amigos e pseudos colegas, o que eu costumo chamar de inimigos de si próprios. Esses, encontramos aos montes. Esses são o que podemos chamar de escória. Estão na linha larga. São os que chamamos amigos por conveniência. Quando lhes interessam, saem propagando o que nunca existiu, ou seja, a sua forma esdrúxula concepcional de encarar esse tão belo e verdadeiro sentimento que une as pessoas.

É amigo se está a seu favor. Se contra, esquece. E ainda aqueles que te reconhecem como é quando está a sua frente com vistas a colher louros da sua capacidade. Quanta mesquinhez.
Nos deparamos todos os dias. Essa semana, uma pessoa me contou que estava fazendo algo e um "amigo" lhe chegou fazendo uma proposta. Para não perder o dia, ele mesmo se magoando, aceitou e este seu inimigo, pois para se propor aquilo, somente um inimigo proporia, saiu agradecendo e o chamando de "meu grande amigo". Se essa pessoa não aceitasse a proposta de seu "amigo", com certeza, este não sairia tão feliz e ainda lhe chamando de "meu grande amigo". Dá náusea se deparar com isso em quase todos os cantos.

Mas que amizade é essa, que só serve às pessoas quando lhes convém. Não me coloco acima do bem e do mal, apenas, me interrogo e busco respostas para a pequenez das pessoas que sobrepujam o que é tão belo.

Vejo que esse tema está ligado intrinsecamente a ética, palavra tão bonita, cantada e decantada por aqueles que nem sabem seu significado. Antes que me inclua nesse rol, digo que ética é tão somente "você não fazer aos outros aquilo que não gostaria que fizessem contigo". Essa concepção é a mais aceita.

Diante dessa exposição, lhe convido para refletir: Você tem sido Colega, Amigo ou simplesmente um Inimigo de Si? Se, se inclui na última alternativa, sugiro que faça um exame de consciência. Não seja mesquinho consigo mesmo, pois agindo assim, você nem a si próprio se engana, imagine o seu semelhante.

Busque o verdadeiro sentido da vida e acima de tudo, pense em Deus. E assim, faça amigos.

"Os amigos verdadeiros são aqueles que vêm compartilhar a nossa felicidade quando os chamamos, e a nossa desgraça sem serem chamados". (Demetrio de Falera).

*Este artigo foi publicado em vários jornais da região em 09 de julho de 2005

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